Sobre a Inquisição, convém também dizer que, visto que ela organizava processos, podemos hoje saber quem foi morto e as razões da sua condenação [1]. Creio que isso não se passa com o Marquês nem com os mortos das ditaduras do séc. XX.
Se da Inquisição não houvesse processos, que saberíamos dela? E das suas vítimas?
Do que parece não haver dúvida é que o autor do Memorial do Convento, por preconceito, agrava as culpas da Inquisição tanto quanto isso lhe parece viável. Mas em muitos casos não convence: ele descontextualiza quase completamente a instituição e as suas práticas e por vezes não hesita em colorir o que descreve, mesmo contra o dado histórico.
Verdadeiramente as lágrimas que chora sobre os mortos dos autos-de-fé são lágrimas de crocodilo, se não quisermos ser mais decididos e afirmar que ele age de má-fé.
O romance parece ter sido escrito mais para iletrados e preguiçosos.
O romance parece ter sido escrito mais para iletrados e preguiçosos.
[1] Também convém dizer que desde a sua instituição não houve mais nada que nem de longe se assemelhasse à matança popular de judeus, de 1506, durante a qual em três dias foram mortos lá para dois mil, certamente à paulada e à pedrada.
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