quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Forca

Ao tempo da Inquisição, os tribunais civis concelhios também executavam condenados; faziam-no por recurso à forca. No geral, ainda é hoje possível saber onde os patíbulos se erguiam.
Como esses tribunais eram muitos (mais de 800), caso eles tivessem sentenciado em média um réu por século, o número total das suas execuções já ultrapassaria o das condenações à morte atribuíveis à Inquisição. Esta aproximação não deve errar por excesso, embora seja certo que se não conserva a maioria dos processos que levaram a essas execuções.
Há várias obras literárias que evocam mortes pela forca: Auto da Barca do Inferno, Sermão de Santo António aos Peixes, Amor de Perdição… O próprio Saramago se refere à forca numa página inicial do romance. Gomes Freire de Andrade, o antigo mercenário das guerras de Napoleão e Catarina da Rússia, que Sttau Monteiro fez protagonista de Felizmente Há Luar!, morreu na forca.
Pode-se assim concluir que a execução capital foi bastante comum no nosso país.
E era também assim pela Europa fora, como já o fora na antiguidade clássica, onde são conhecidos casos de chacinas inauditas.
O facto de não haver nesses tempos um sistema prisional capaz explica também o recurso frequente à pena de morte.
Durante a Revolução Francesa, só os guilhotinados foram 2.794.
Mas o genocídio nunca alcançou tão larga escala como no século XX.

Na imagem: Padrão medieval da Lenda do Galo de Barcelos.

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